quinta-feira, 21 de junho de 2012

Especial Machado de Assis: ontem, hoje e sempre

Há 173 anos nascia, no Morro do Livramento, Rio de Janeiro, o maior ícone da literatura brasileira: Joaquim Maria Machado de Assis. Fundador da Academia Brasileira de Letras, órfão muito cedo, mulato, gago, além de sofrer de epilepsia e compleição nervosa, fatores que o levou a adotar uma postura taciturna, refletida em personagens como Bentinho, o nosso Dom Casmurro.

Embora sua obra faça parte de nosso cânone, Machado de Assis pouco frequentou o ensino regular. Após ser alfabetizado em uma escola pública, aprendeu francês e latim com Silveira Sarmento, um padre amigo da família. Os outros conhecimentos construídos ao longo da vida foram obtidos de forma completamente autodidata. Ao completar quinze anos, teve o seu primeiro poema publicado no Periódico dos Pobres, o soneto “À Ilma. Sra. D.P.J.A.”. Aos dezesseis, começou a trabalhar como tipógrafo aprendiz na Imprensa Nacional, local em que conheceu Manuel Antônio de Almeida. Passado algum tempo, passou a trabalhar na redação do Correio Mercantil.

Carolina, mulher do autor
Durante a década de 1860, escreveu para o teatro. Suas peças, no entanto, eram, nas palavras de Quintino Bocaiuva, “para serem lidas e não representadas”. Também nesta época, escreveu os versos de Crisálida. Já em 1869, casou-se com uma irmã de seu amigo, Carolina Augusta Xavier de Novais, com quem viveu até o fim de sua vida e lhe serviu de inspiração para a personagem Dona Carmo, de Memorial de Aires.

Seu primeiro romance, Ressurreição, foi publicado em 1872. Da mesma época, datam Contos Fluminenses (1870), Histórias da Meia-Noite (1973), A mão e a luva (1974), Helena (1976), Iaiá Garcia (1978). Também intensificou a produção de contos, crônicas e poesias, que foram publicadas como forma de colaborar nas publicações O Cruzeiro, A Estação e Revista Brasileira. Estes trabalhos são tidos da fase romântica, para muitos literários, por apresentarem características mais próximas ao Romantismo.

Compilado os folhetins publicados na Revista Brasileira entre 15 de março a 15 de dezembro de 1880; nasce, em 1881, o romance que leva Machado de Assis a exprimir sua maturidade de escritor e ir ao encontro com uma literatura realista: Memórias Póstumas de Brás Cubas. Sobre o romance, Alfredo Bosi¹ afirma que:
“A revolução dessa obra, que parece cavar um fosso entre dois mundos, foi uma revolução ideológica e formal: aprofundando o desprezo às idealizações românticas e ferindo no cerne o mito do narrador onisciente, que tudo vê e tudo julga, deixou emergir a consciência nua do indivíduo, fraco e incoerente. O que restou foram as memórias de um homem igual a tantos outros, o cauto e desfrutador Brás Cubas”.
Depois de Memórias Póstumas, vieram outras obras de igual importância, que confirmaram a grandeza do autor. São elas: Histórias sem data (1884), Quincas Borbas (1892), Várias histórias (1896), Páginas recolhidas (1899), Dom Casmurro (1990), Esaú e Jacó (1904), Relíquias da casa velha (1906) e seu último romance, Memorial de Aires (1908).

Do círculo de intelectuais que frequentavam a redação da Revista Brasileira – dentre eles: José Veríssimo, Graça Aranha, Joaquim Nabuco e Visconde de Taunay – fomentou-se a ideia da criação da Academia Brasileira de Letras, fundada em 28 de janeiro de 1897. Machado de Assis foi o primeiro presidente, fundando a cadeira de nº 23 e tendo José de Alencar como seu patrono.


Em 29 de setembro de 1908, Machado de Assis faleceu, na cidade do Rio de Janeiro, devido a uma úlcera cancerosa. As homenagens fúnebres a ele feitas na Academia Brasileira de Letras tiveram como porta-voz Rui Barbosa.

Com sua literatura, que ultrapassa as fronteiras de quaisquer escolas literárias, pode-se afirmar que os escritos machadianos ganharam o peso de obra-prima, fazendo dele um dos maiores escritores em Língua Portuguesa, ontem, hoje e sempre!





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¹Alfredo Bosi é professor universitário, crítico, historiador de literatura brasileira e membro da Academia Brasileira de Letras. Sua citação apresentada no texto está publicada na seguinte bibliografia: BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 2006. Página 187.

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