Há 173 anos nascia, no Morro do Livramento, Rio de
Janeiro, o maior ícone da literatura brasileira: Joaquim Maria Machado de
Assis. Fundador da Academia Brasileira de Letras, órfão muito cedo, mulato,
gago, além de sofrer de epilepsia e compleição nervosa, fatores que o levou a
adotar uma postura taciturna, refletida em personagens como Bentinho, o nosso
Dom Casmurro.
Embora sua obra faça parte de nosso cânone, Machado de Assis
pouco frequentou o ensino regular. Após ser alfabetizado em uma escola pública,
aprendeu francês e latim com Silveira Sarmento, um padre amigo da família. Os
outros conhecimentos construídos ao longo da vida foram obtidos de forma
completamente autodidata. Ao completar quinze anos, teve o seu primeiro poema
publicado no Periódico dos Pobres, o soneto “À Ilma. Sra. D.P.J.A.”. Aos
dezesseis, começou a trabalhar como tipógrafo aprendiz na Imprensa Nacional,
local em que conheceu Manuel Antônio de Almeida. Passado algum tempo, passou a
trabalhar na redação do Correio Mercantil.
Carolina, mulher do autor |
Seu primeiro romance, Ressurreição, foi
publicado em 1872. Da mesma época, datam Contos Fluminenses (1870), Histórias
da Meia-Noite (1973), A mão e a luva (1974), Helena
(1976), Iaiá Garcia (1978). Também intensificou a produção de contos,
crônicas e poesias, que foram publicadas como forma de colaborar nas publicações
O
Cruzeiro, A Estação e Revista Brasileira. Estes trabalhos
são tidos da fase romântica, para
muitos literários, por apresentarem características mais próximas ao
Romantismo.
Compilado os folhetins publicados na Revista
Brasileira entre 15 de março a 15 de dezembro de 1880; nasce, em 1881,
o romance que leva Machado de Assis a exprimir sua maturidade de escritor e ir
ao encontro com uma literatura realista: Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Sobre o romance, Alfredo Bosi¹ afirma que:
“A revolução dessa obra, que parece cavar um fosso entre dois mundos, foi uma revolução ideológica e formal: aprofundando o desprezo às idealizações românticas e ferindo no cerne o mito do narrador onisciente, que tudo vê e tudo julga, deixou emergir a consciência nua do indivíduo, fraco e incoerente. O que restou foram as memórias de um homem igual a tantos outros, o cauto e desfrutador Brás Cubas”.
Depois de Memórias Póstumas, vieram outras
obras de igual importância, que confirmaram a grandeza do autor. São elas: Histórias
sem data (1884), Quincas Borbas (1892), Várias
histórias (1896), Páginas recolhidas (1899), Dom
Casmurro (1990), Esaú e Jacó (1904), Relíquias
da casa velha (1906) e seu último romance, Memorial de Aires (1908).
Do círculo de intelectuais que frequentavam a redação da
Revista
Brasileira – dentre eles: José Veríssimo, Graça Aranha, Joaquim Nabuco e
Visconde de Taunay – fomentou-se a ideia da criação da Academia Brasileira de
Letras, fundada em 28 de janeiro de 1897. Machado de Assis foi o primeiro
presidente, fundando a cadeira de nº 23 e tendo José de Alencar como seu
patrono.
Em 29 de setembro de 1908, Machado de Assis faleceu, na
cidade do Rio de Janeiro, devido a uma úlcera cancerosa. As homenagens fúnebres
a ele feitas na Academia Brasileira de Letras tiveram como porta-voz Rui
Barbosa.
Com sua literatura, que ultrapassa as fronteiras de
quaisquer escolas literárias, pode-se afirmar que os escritos machadianos
ganharam o peso de obra-prima, fazendo dele um dos maiores escritores em Língua
Portuguesa, ontem, hoje e sempre!
___________________
¹Alfredo Bosi é professor
universitário, crítico, historiador de literatura brasileira e membro da
Academia Brasileira de Letras. Sua citação apresentada no texto está publicada
na seguinte bibliografia: BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira.
São Paulo: Cultrix, 2006. Página 187.
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