“Está pegando fogo! E se nós queimarmos, você queima conosco!”
Talvez essa tenha sido a frase do livro, na verdade, a frase de toda uma saga.
Finalmente terminei de ler “Jogos Vorazes”. Confesso que estava ávida para saber até onde iria a loucura de Suzanne Collins; e, acredite, ela foi longe.
Depois de sobreviver duas vezes à crueldade de uma arena projetada para destruí-la, Katniss acredita que não precisaria mais lutar. Mas, as regras do jogo mudaram: com a chegada dos rebeldes do lendário Distrito 13, enfim, é possível organizar uma resistência. Começou a revolução.
A coragem de Katniss nos jogos fez nascer a esperança em um país disposto a fazer de tudo para se livrar da opressão. E agora, contra a própria vontade, ela precisa assumir seu lugar como símbolo da causa rebelde. Ela precisa virar o Tordo.
O sucesso da revolução dependerá de Katniss aceitar ou não essa responsabilidade. Será que vale a pena colocar sua família em risco novamente? Será que as vidas de Peeta e Gale serão os tributos exigidos nessa nova guerra?
Terei que tomar um cuidado enorme e especial nesta resenha, porque se eu for apenas me ater aos fatos, vou sair espalhando spoiler enlouquecidamente, e essa não é a minha política, tampouco a do blog. Então, tentarei focar nas minhas impressões no desenvolvimento da história, e dos personagens.
Dessa vez Suzanne Collins não me surpreendeu, ressalto o fato de não gostar da escrita em primeira pessoa. A Esperança é o tipo de livro que seria muito mais interessante se tivesse outro ponto de vista, não apenas o da Katniss.
Algumas coisas ficaram ocultas e foram substituídas por capítulos chatos, tediosos e monótonos. Parecia que Collins pegou fragmentos dos primeiros dois primeiros livros e colou no terceiro, acrescentando alguns personagens e uma roupagem nova à trama (fato que me deu uma vontade louca de pular o trecho entre os capítulos 17 e 19 para a parte mais importante, o final).
Mas, é aí que entra o talento de Collins, mesmo que o capítulo não fosse por um todo atraente, seu final deixava-me sedenta para prosseguir. Não faço ideia de que tipo de droga ela resolveu usar no livro, pois no meu primeiro dia de leitura eu já tinha devorado mais de 70% dele.
Assim como os dois primeiros, A Esperança é dividido em três partes: cada parte com sua peculiaridade (digo que a segunda parte é a mais complicada, chata, tediosa etc.). Porém, é nela que vemos o desenvolvimento de personagens que antes não foram tão explorados como Primrose e Buttercup (esse último ganhou disparado como meu personagem favorito!).
O trabalho que a Suzanne Collins fez no desenvolvimento de Prim foi simplesmente fantástico e digno de palmas: a garota, aparentemente, é apenas uma criança assustada, porém o crescimento dela é notório, a personagem amadurece nesse último volume e em alguns momentos consegue apagar a chama da garota em chamas, com diálogos inteligentes e respostas que nem uma pessoa mais experiente seria capaz de usar. Já Buttercup, por sua vez, é o gato mais inteligente que conheço.
Praticamente todos os coadjuvantes chamaram mais atenção que a própria Katniss, pelo menos eu só conseguia lembrar-se dela porque era ela a narradora – se não fosse por isso, a garota iria passar despercebida durante a leitura.
Embora o brilho da estrela tenha sido ofuscado um pouco nesse livro, Katniss não deixa a desejar quando é requisitada, sempre com sua personalidade forte, às vezes imatura, poucas vezes apaixonada, muitas vezes corajosa – e isso foi o que mais me fez gostar dela.
A Esperança é o livro mais conciso da saga e de longe o melhor de todos: é aquele que vai lhe apresentar melhor personagens, revelar detalhes cruciais da trama, desatar vários nós e fazer alguns também! Sou a favor de Collins lançar um spin-off com o ponto de vista de cada personagem.
Outro ponto que me chamou bastante atenção na série foram às capas de cada livro. Não sei as pessoas costumam observá-las, mas eu sim! E cada capa, simbolizava exatamente a proposta dos respectivos enredos – ponto positivo para os criadores e diagramadores.
Fazendo um apanhado geral da saga, Jogos Vorazes não é tão ruim para não ser apreciada, nem tão boa para causar um grande furor em você. É uma série mediana com altos e baixos como todas as outras, que vale a pena ser lida e esperar chegar aos cinemas. Se fosse para ter uma nota, seria 8,5.
Só espero que a adaptação cinematográfica não cometa o erro de muitas por aí e distorça completamente a ideia do livro. Espero profundamente que não coloquem um triângulo amoroso juvenil como peça chave do filme, porque embora tenha uma leve pitada de romance, Jogos Vorazes não é sobre amor, é sobre liberdade.
Título original: Mockinjay
Autora: Suzanne Collins
Editora: Rocco
Série: Jogos Vorazes.
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Sobre a Autora:
Ana Caroline é estudante de Letras Português Francês na Universidade Federal de Sergipe. Adora ler, é apaixonada por séries da Literatura de Fantasia e espera desenvolver um trabalho de pesquisa sobre esse tema na faculdade. Trabalha em uma livraria, onde o contato diário com os livros levou a desejar criar esse blog. Escreve no Loucuras de Caroline. |
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