quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Mas afinal, o que é literatura?

Segundo o dicionário Houaiss, a palavra Literatura (do latim: lat. litteratúra,ae 'id.', com o sentido de “letra do alfabeto, caráter da escrita”) apareceu pela primeira vez na Língua Portuguesa no ano de 1728 e designa, entre outras coisas, 
1. uso estético da linguagem escrita; arte literária; 2. conjunto de obras literárias de reconhecido valor estético, pertencentes a um país, época, gênero etc. 
A Wikipédia, por sua vez, define a Literatura como “a arte de criar e recriar textos, de compor ou estudar escritos artísticos; o exercício da eloquência e da poesia; o conjunto de produções literárias de um país ou de uma época; a carreira das letras”.


As duas acepções vêem a Literatura como Arte, e é assim que gosto de defini-la. É claro que cada pessoa tem a sua própria definição que lhe agrade mais, que lhe deixe mais confortável – que pode ou não ser parecida com as que citei acima. Para mim, Literatura é arte palpável a todos os gostos, todos os públicos (mais democrática que ela, só a música, talvez). 

E por que a Literatura é tão palpável assim?! Tudo deve ao fato de as letras – aqui, no sentido de língua, de palavras – não dependerem de dinheiro, de classe social... A língua é um domínio de todos, todos podem contar histórias se quiserem. 

Pesquisando na Internet, encontrei outra definição que vem de encontro ao que defendo: 
É o conjunto das produções do intelecto humano, falada ou escrita, que despertam o sentimento do belo pela perfeição da forma e pela excelência das idéias. (não é a obra literária em toda a sua extensão, mas só a que é capaz de provocar uma emoção)
Literatura é, portanto, uma forma artística de expressar as ideias por meio de palavras (prosa ou verso falado ou escrito). Além disso, a Literatura é mágica uma vez que permite que as pessoas que estão em contato com ela (autores e leitores) ampliem seus horizontes: a interação com todas as histórias faz com que não precisemos viver aquela experiência para conhecê-la. Falando de forma simplória, não precisamos ir a Paris para conhecer a Cidade Luz se lermos um bom livro que seja ambientado lá, por exemplo. 

E como diferenciar o texto literário do não literário (seja ele oral ou escrito)? 

Tudo vai depender do uso das palavras, da forma como o autor comunica suas ideias, seus sentimentos. O famoso poema de Gonçalves Dias exemplifica bem o que quero dizer. Ele, que sentia saudades do Brasil durante o tempo em que viveu em Portugal, poderia ter expressado este sentimento por meio de frases como: sinto falta de minha pátria ou tenho saudades do meu país. Estas sentenças, embora claras e objetivas, não fazem o uso artístico das palavras, tampouco buscam provocar um sentimento de comoção em quem as ouvem, efeito contrário de sua poesia, a célebre “Canção do Exílio”: 

Minha terra tem palmeiras, 
Foto: Palmeiras, por José Luís Mendes
Onde canta o Sabiá; 
As aves que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá. 

Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossas flores têm mais vida,
Nossa vida mais amores. 

 Em cismar, sozinho, à noite, 
Mais prazer encontro eu lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 

Minha terra tem primores, 
Que tais não encontro eu cá; 
Em cismar - sozinho, à noite - 
Mais prazer encontro eu lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 

Não permita Deus que eu morra 
Sem que eu volte para lá; 
Sem que desfrute os primores 
Que não encontro por cá; 
Sem qu'inda aviste as palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 

Embora as pessoas mais comuns se sintam amedrontadas diante da palavra Arte, estabelecer um contato com a Literatura – seja como autor ou leitor – não é tão difícil quanto parece, ao contrário, é um exercício extremamente prazeroso. Que tal se permitir, se aventurar?!

_________ 
Referências: 

DANZIGER, Marlies K. e JOHNSON W. Stacy. Introdução ao estudo crítico da literatura. Trad. Álvaro Cabral, com a colaboração de Catarina T. Feldmann. São Paulo: Cultrix, 1974. Páginas: 9-14, 18-21 e 25-26. 

DIAS, Gonçalves. Canção do Exílio. Disponível em: http://www.ufrgs.br/proin/versao_1/exilio/index01.html. Acessado em 28 de dezembro de 2011, às 22h59. 

MELLO, Sebastião de. Breve definição de Literatura. Disponível em: http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/1802767. Acessado em 28 de dezembro de 2011, às 22h05. 

Houaiss Eletrônico. Literatura. Instituto Houaiss. Editora Objetiva. 2009. 

Folhetim. Literatura. Disponível em: http://folhetim.tripod.com/literaturatermo.html. Acessado em 28 de dezembro de 2011, às 22h15.

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