segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

[Resenha] A Marina do Zafón.

"Todos temos um segredo trancado a sete chaves no sótão da alma. Este é o meu" 

"De todos os livros que publiquei desde que comecei neste trabalho de escritor, ali por voltar de 1992, Marina é um dos meus favoritos. (...) É possivelmente o mais indefinível e difícil de categorizar de todos os romances que escrevi, e talvez o mais pessoal de todos eles." - Carlos Ruiz Zafón 

À primeira vista, o que encanta em Marina é a sua capa. Sim, a capa! A diagramação é bem feita, e a imagem é lindíssima! Os tons carregados dão o tom exato sobre aquilo que o livro é: escuro e sombrio. E, embora esta aparência exponha um pouco do que acontece no livro, ela não revela, realmente, os pormenores. 

Óscar Drai é um jovem de 15 anos, que mora em um orfanato na Barcelona de 1970. Em um de seus passeios pelas redondezas, ele acha um casarão antigo, e lá, ao conhecer Marina, desaparece do mundo por uma semana. O que acontece por trás do seu desaparecimento? Bom, é precisamente disso que se trata a narrativa. 

(Interessante que você só descobre como e porque ele sumiu nos capítulos finais.

A amizade entre Óscar e Marina cresce rapidamente, criando um tipo de plot que lhe faz dizer: bom, será um romance água com açúcar porque, provavelmente, “eles fugiram para viver um romance adolescente”. Ledo engano. Na verdade, a história não gira em torno apenas de Marina e Óscar, uma terceira personagem, Mijail Kolvenik, também se desenvolve na narrativa. A cada linha, uma surpresa. 

À medida que a história se desenlaça o leitor é completamente sugado para dentro dela. Mesmo sem querer, a leitura nos força a nos vermos ao lado de Marina e Óscar em suas aventuras, desvendando o mistério que envolve Mijail Kolvenik e sua família. 

O desenvolvimento dos personagens é um dos pontos altos da obra: a amizade crescente entre Óscar e Marina – que depois se torna em uma paixão – faz com que os dois amadureçam juntos, e a relação de confiança que um tem no outro é notável. Outro ponto forte diz respeito ao desenrolar de Mijail: quando o leitor descobre o que realmente aconteceu com vida dele, é de tirar o fôlego. Pura fantasia, de primeiríssima qualidade. 

Zafon faz um jogo de palavras incrível e a forma como descreve a Barcelona daquela época faz com que o leitor se apaixone pela cidade mais ainda. Se eu soubesse que a escrita dele era tão boa, teria lido-o antes! Confesso que virei fã deste autor devorando apenas um de seus livros. 

Sua escrita é simples e direta, jogando com o tempo: passado e presente se misturam em um triller de arrepiar, muito bem composto. A narrativa é envolvente demais; tanto que, muitas vezes, senti um enorme calafrio enquanto lia. 
(Nota: Não leiam esse livro no escuro, ele é realmente sombrio.) 

Quanto ao desaparecimento do Óscar, confesso que fiquei pensando mil vezes, “será que é agora?”, mas, não! O desaparecimento dele é totalmente justificável e o motivo, triste demais. Acho que esse é um dos únicos momentos na obra em que algo real de fato acontece. 

Fininho, com pouco mais de 190 páginas, A Marina do Zafón é aquele tipo que você lê em uma sentada. E, sinceramente... Não tem como não se apaixonar!

Título Original: Marina
Editora: Suma de Letras
Páginas: 189
Tradução: Eliana Aguiar


Sobre a Autora:
Ana Caroline Ana Caroline é estudante de Letras Português Francês na Universidade Federal de Sergipe. Adora ler, é apaixonada por séries da Literatura de Fantasia e espera desenvolver um trabalho de pesquisa sobre esse tema na faculdade. Trabalha em uma livraria, onde o contato diário com os livros levou a desejar criar esse blog. Escreve no Loucuras de Caroline.

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