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domingo, 17 de junho de 2012

Gabriel García Marquez está perdendo a memória.


O premiado autor colombiano Gabriel García Marquez está perdendo a memória. A informação vem do A informação vem do jornalista Plinio Apuleyo Mendoza, amigo da adolescência de Gabo, e foi confirmada tanto pela esposa quanto filhos do autor. 

 “Quando ele fez 85 anos, não telefonei para ele, mas sim para Mercedes [esposa]. Ela preferiu não passar o telefone para ele, porque ele não reconhece as pessoas” disse Plinio. “É lamentável vê-lo assim”. O amigo ainda garantiu que da última vez que se encontraram, o gênio não se lembrava de vários episódios e dizia a mesma coisa várias vezes. “Como anda você? O que tem feito? Quando volta de Paris?”. 

Outros amigos também confirmaram esse tipo de conversa. Dizem que o autor possui essas perguntas genéricas para se lembrar das pessoas. Assim, não as constrange dizendo “quem é você?” Esse fato da memória já havia sido registrado no livro “Gabriel García Márquez – Uma vida”, escrito por Gerald Martin, publicado em 2010 no Brasil. Vejam o trecho:

Gabo não podia mais dar respostas claras e acuradas a perguntas diretas e inesperadas, e era capaz de esquecer o que acabara de dizer cinco minutos antes. Eu não era especialista sobre as diferentes formas e progressões da perda da memória, mas minha impressão foi de que sua condição progredia com bastante constância. Era duro ver um homem que havia feito da memória o foco central de toda a sua existência assediado por tal infortúnio. Gabo era “um recordador profissional”, como sempre se chamou… 

Com dicas adequadas podia lembrar-se de mais coisas do passado remoto – embora nem sempre os títulos de suas obras – e travar uma conversa razoavelmente normal e até bem-humorada. Mas sua memória imediata estava fragilizada, e Gabo se mostrava claramente angustiado com isso e sobre a fase em que parecia ter entrado. Depois que conversamos sobre seu trabalho e seus planos por algum tempo, declarou que não tinha certeza se voltaria a escrever. Então ele disse, quase melancólico: “Escrevi bastante, não escrevi? As pessoas não podem ficar frustradas, e não podem esperar mais nada de mim, não é?” Estávamos sentados em imensas poltronas azuis, numa saleta íntima do hotel, de onde se via o anel rodoviário do sul da Cidade do México. 

Lá fora estava o século XXI, voando. Oito pistas de tráfego incessante. Ele me olhou e disse: 

- Sabe, algumas vezes fico deprimido. 
- Como? Você, Gabo, depois de tudo que realizou? Não acredito. Por quê? 

Ele gesticulou para o mundo além da janela – a grande artéria de tráfego intenso, a intensidade silenciosa de todas aquelas pessoas comuns vivendo a vida num mundo que não era mais seu – depois voltou o olhar para mim e murmurou: 

 - Porque percebo que tudo isso está chegando ao fim.”

quarta-feira, 14 de março de 2012

Filha de Nelson Rodrigues lança livro com textos que dão voz ao autor

(via Extra)

Se estivesse vivo, Nelson Rodrigues, homenageado em Série do EXTRA esta semana, completaria 100 anos em 2012. O tempo verbal no passado talvez seja um erro. Mais do que nunca, Nelson se mostra atual e presente — condição que ganha fôlego com a celebração de seu principal instrumento: a palavra. 

 Com o intuito de preservá-la e apresentá-la a novas gerações, Sônia Rodrigues fez o livro "Nelson Rodrigues por ele mesmo", com textos do dramaturgo selecionados pela filha. — A ideia é deixar meu pai contar a vida dele e mostrar quem ele realmente foi, o que fez e como fez. Uma autobiografia póstuma — diz Sônia. O livro será lançado em abril pela Nova Fronteira, que renovou outros nove títulos do autor, incluindo a obra completa para teatro. 

A editora também vai lançar um selo comemorativo para o centenário, a ser escolhido pelo público. Visando promover internacionalmente a palavra de Nelson e alcançar leitores estrangeiros, a Funarte vai traduzir os livros do escritor para o espanhol e para o alemão. — Ele tem um jeito singular de escrever e um profundo avanço na alma humana. Precisa ser apreciado por outros públicos — diz Antonio Grassi, presidente da instituição. 

 As comemorações também farão parte do ano letivo da UERJ, dedicado ao escritor, que começa hoje e inclui leitura de suas famosas frases.

Principal referência

Obra fundamental que disseca a vida de Nelson Rodrigues, "O Anjo Pornográfico" foi lançado em comemoração aos 80 anos de nascimento do autor. Mesmo depois de tanto tempo, o livro escrito por Ruy Castro — que também fez a biografia de nomes como Carmen Miranda e Garrincha — continua sendo a principal referência para compreender a história pessoal do dramaturgo: seus conflitos e a repercussão do seus trabalhos. O livro, da Companhia das letras, está em sua sexta reimpressão.

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