Fonte: El País
Tradução: Fernanda Rodrigues (equipe Nosso Clube do Livro)
Júlio Cortázar e Mário Vargas Llosa posam com uns amigos em uma fotografia tirada durante uma viagem em Atenas. |
A organização não sabe o que acontecerá nesta reunião entre o autor de A casa verde e a viúva Cortázar, um compromisso que celebra o 50º aniversário da publicação de Rayuela, que aniversariou na última quinta-feira, 28 de junho. "A ideia é que o encontro seja um bate-papo entre os alunos e Vargas Llosa, partindo do Boom latinoamericano e da literatura de Cortázar e deixando aberta a possibilidade de lançar ao autor temas que os interessem", aponta Granés. A grande incógnita é se Aurora Bernárdez, única herdeira dos direitos da obra de Cortázar, fará alguma intervenção no encontro. Aurora, de 93 anos; é, segundo Granés, "uma pessoa zelosa de sua intimidade, que não quer aparecer. Ela aceitou assistir ao evento em troca de que ele fosse um encontro reservado apenas aos alunos matriculados". Na reunião só poderão participar os alunos da universidade que se matricularam no curso, sendo entre 25 e 30 alunos, segundo a organização.
Cortázar e o Boom latinoamericao é uma aposta conjunta da Universidad Complutense de Madrid e da Cátedra Vargas Llosa, que está em curso desde 4 de outubro de 2011. De segunda a sexta acontecerão conferências que analisarão a literatura do autor argentino, do movimento literário do qual ele fez parte, com Rayuela como epicentro. Sobre a atualidade deste romance, foi debatido ontem na mesa redonda "Reler Cortázar hoje em dia". E o resultado foi controverso. Dos três participantes, o professor Camilo Hoyos, especialista em Cortázar, defendeu que o autor de Rayuela se lê hoje com a mesma intensidade que era lido na época do Boom. O escritor Andrés Ibáñes, autor dentre outras obras de A música do mundo, considera que o próprio tempo levou algum pedágio no romance caleidoscópico. Evangelina Soltero, professora de Literatura da Complutense, equilibrou a balança entre o elogio incondicional e a revisão crítica. "De qualquer quer forma", aponta Granés, "o fato de haver polêmica e debate só demonstra que a chama de Rayuela segue viva".
Além do romance aniversariante, as cartas de Cortázar e seus livros póstumos — dentre os quais estão os romances Divertimento, El examen e Diario de Andrés Fava — serão assunto nas conferências de quinta-feira. Na sexta o fechamento do evento será com A volta ao mundo em 80 literaturas, uma conferência do escritor e do jornalista Juan José Armas Marcelo. Hoje Rayuela seria publicada? Se fosse, que mudanças exigiriam dos editores? Se não fosse, que justificaria dariam? "Estas são algumas das perguntas que quero plantar na conferência", indicou Armas Marcelo, que recordou com carinho uma conversa que teve com Cortázar no Hotel Suíza, em Madri. "Disse a ele que Rayuela era o meu conto preferido de toda a sua obra. E foi engraçado, porque ele sempre foi considerado como um anti-romance".
A casa verde, de Vargas Llosa; Aura, de Carlos Fuentes; Cem anos de solidão, de Gabriel García Márquez e, é claro, Rayuela de Cortázar são algumas das obras essenciais do Boom latinoamericano. Este movimento literário de autores jovens, em sua maioria, sacudiram os cimentos literários da cena mundial com suas obras publicadas nos anos 60 e 70, pela natureza experimental do seus trabalho. Este ciclo de conferências é uma nova demonstração de que, meio século depois, estas obras seguem muito vivas.
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