quinta-feira, 16 de maio de 2013

[Resenha] As Virgens Suicidas, de Jeffrey Eugenides


As Virgens Suicidas é o primeiro livro do autor norte-americano Jeffrey Eugenides. Lançado originalmente em 1993 e reeditado pela Companhia das Letras neste ano, a obra é conhecida por sua adaptação cinematográfica (1999) dirigida por Sophia Coppola e estrelada por Kirsten Dunst e Kathleen Turner. 

Em um país dos anos 70, onde as famílias eram instituições preservadas pelo cuidado excessivo dos pais e pela não-liberdade dos jovens, Jeffrey Eugenides nos apresenta os Lisbons, uma família exatamente assim: pais cuidadosos a ponto de abrir mão da liberdade das filhas em prol da segurança. Porém, não é esta segurança que faz com que as cinco jovens (Cecilie, Lux, Bonnie, Therese e Mary) se suicidem. 

Em uma narrativa surpreendente e; até então, nova para mim, o autor consegue levar o leitor de forma real para dentro da história. Uma coisa muito interessante a ser notada durante a leitura é a quase falta de dialogo. No entanto, isso não faz com que a história fique cansativa ou sem graça, pelo contrário, é exatamente esse ponto que dá um toque muito especial ao livro. 

Outra coisa que provavelmente irá chamar a atenção é o narrador-personagem desconhecido: quem ele realmente é, o que faz, onde mora? Ninguém sabe. A única pista oferecida por ele é que fazia parte do grupo de garotos apaixonados pelas irmãs Lisbons e que acompanhou de perto todos os suicídios e a degradação de uma família tipicamente normal. 

O livro lembra muito um relato jornalístico, e isso é novo para mim. Afinal de contas, nunca li algo tão intenso contado de forma tão interessante. E, com isso Eugenides ganhou meu coração de forma arrasadora. 

A história é muito instigante, imagine que cinco irmãs, aparentemente normais, resolvem tirar suas próprias vidas. O motivo? Ninguém sabe. Nem mesmo o narrador, que esteve tão próximo do ocorrido, nem mesmo os pais. Especulações existem aos montes, porém nenhuma delas é capaz de chegar perto do motivo dos suicídios. E esse mistério é outro ponto positivo da obra. O leitor se ver praticamente obrigado a entender, a querer saber, a descobrir o motivo daquilo. Durante a leitura, tive uma vontade enorme de entrar na obra e pessoalmente perguntar o por quê. 

As personagens são muito bem construídas e refletem de maneira real os adolescentes daquela época, ora se elas viviam tão presas em casa, tinham que canalizar a tensão em algum lugar ou alguma coisa, porém como faziam isso ninguém sabia. Sabemos apenas aquilo que o narrador nos apresenta: meninas reprimidas socialmente. 

As Virgens Suicidas foi – até agora – um dos melhores livros que li e muitos fatores contribuem para isso, não apenas a narrativa (Jeffrey Eugenides é um ótimo contador de histórias), mas o trabalho gráfico está fantástico, a diagramação e a revisão estão impecáveis. 

Com um toque de jornalismo literário e uma narrativa densa e até mesmo brutal – nos momentos corretos – As Virgens Suicidas é um verdadeiro clássico e me atrevo a dizer que não é apenas um clássico americano e sim mundial. 



Sobre a Autora:
Ana CarolineAna Caroline é estudante de Letras Português Francês na Universidade Federal de Sergipe. Adora ler, é apaixonada por séries da Literatura de Fantasia e espera desenvolver um trabalho de pesquisa sobre esse tema na faculdade. Trabalha em uma livraria, onde o contato diário com os livros levou a desejar criar esse blog. Escreve no Loucuras de Caroline.

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