quinta-feira, 16 de agosto de 2012

[resenha] A Culpa é das Estrelas, de John Green

Às vezes, um livro enche você de um estranho fervor religioso, e você se convence de que esse mundo despedaçado só vai se tornar inteiro de novo a menos, e até que, todos os seres humanos o leiam. E aí vem A Culpa é das Estrelas, do qual você não consegue falar – livros tão especiais e raros e seus que fazer propaganda da sua adoração por eles parece traição. (Adaptado - A Culpa é das Estrelas, pg. 36) 

Esse trecho resume bem a situação do que aconteceu comigo ao ler “A Culpa é das Estrelas”. É muito difícil resenhar um livro o qual você gostou tanto e quer colocar todo o seu sentimento na resenha e simplesmente não consegue isso. Você abre o editor de texto, escreve alguma coisa, não gosta. Deleta tudo e volta do começo. É um processo ardiloso e cansativo e confesso que tem horas que a gente para e diz: Não dá! Não consigo escrever a resenha e desiste e foi isso que aconteceu com a resenha desse livro.

A Culpa é das Estrelas é o sexto livro da carreira do autor norte-americano, John Green - conhecido pelo canal do Youtube VlogBrothers -, o segundo publicado no Brasil – o primeiro foi "Quem é você, Alasca?" (Looking for Alaska, WMF Martins Fontes – 2010), e conta a história de Hazel Grace, adolescente de pouco mais de 17 anos, que foi diagnosticada com câncer na tireoide estágio IV (terminal) aos 13 anos, porém, por um milagre da medicina o tumor diminuiu, lhe dando alguns anos a mais de vida. 

Para superar a depressão decorrente da doença, Hazel passa a frequentar o Grupo de Apoio a Criança com Câncer, lá ela conhece o enigmático e atraente Augustus Waters, vítima de osteosarcoma – câncer no osso e atualmente um SEC (sem evidência de câncer) a mais de um ano, a partir daí John Green presenteia os leitores com uma das narrativas mais belas que já li. 

Estou a quase uma semana tentando escrever/definir em palavras tudo que senti com a leitura de A Culpa é das Estrelas, tentando dizer os pontos fortes e os pontos fracos da obra, mas o livro me cativou de uma maneira tão forte, que não consigo compartilhar nada, tampouco escrever algo relevante... A única coisa que consigo pensar é: É bom e ponto. 

Eu poderia escrever várias e várias coisas, fazer uma análise literária da obra, comparar personagens e até mesmo traçar um perfil psicológico deles, mas não consigo. É intenso, cruel, verdadeiro demais. 

Parte disso é culpa da narrativa do autor. John Green trata de assuntos delicados com gentileza, a escrita é leve, descontraída, nada muito forçada, pelo contrário é a mais natural possível. Em determinados momentos, o leitor se vê completamente envolvido na estória, e isso acontece já nas primeiras linhas. O livro é narrado em primeira pessoa, através da voz de Hazel conhecemos seus medos, seus anseios e desejos e vemos o crescimento do amor que ela nutre por Augustus (Gus). 

A outra parte é culpa das personagens, o autor tem uma facilidade tremenda em escrever personagens reais, inteligentes e até mesmo sarcásticos. Posso ter a ousadia de comparar Augustus com Alasca de “Quem é você, Alasca?” Posso. 

Porque é a mais pura verdade, se alguém já teve a oportunidade de ler “Quem é você, Alasca?” sabe do que estou falando. Augustus Waters e Alasca Young atraem as pessoas de uma forma rápida, com um jeito irônico e sarcástico de ser, ambos foram muito bem construídos e desenvolvidos. 

 O Augustus deu um passo na direção dele e olhou para baixo. 
- Está se sentindo melhor? – perguntou.
- Não. – murmurou Isaac, o peito inflando por causa da respiração ofegante. 
- Esse é o problema da dor – o Augustus disse, e aí olhou para mim. – Ela precisa ser sentida. 

 E temos a Hazel. Tentar definir Hazel é uma tarefa muito difícil: imagine ter sua vida condenada desde os 13 anos por uma doença que apareceu sem pedir licença; imagina ter que largar a escola alguns anos antes e conviver com a incerteza de aquele é o seu último dia.

- Eu sou tipo. Tipo. Sou tipo uma granada, mãe. Eu sou uma granada e, em algum momento, vou explodir, e gostaria de diminuir a quantidade de vítimas, tá? 

Meu pai inclinou a cabeça um pouquinho para o lado, como se fosse um cachorrinho que acabou de ser repreendido. 

- Eu sou uma granada – repeti – Só quero ficar longe das pessoas, ler livros, pensar e ficar com vocês dois, porque não há nada que eu possa fazer para não ferir vocês; vocês estão envolvidos demais, por isso me deixem fazer isso, tá? Não estou deprimida. Não preciso sair mais. E não posso ser uma adolescente normal porque eu sou uma granada.  

Os personagens secundários também não ficam para trás, Isaac é o alívio cômico da obra, um rapaz cego devido a um câncer no olho; outra personagem que gostei bastante foi a Kaitlyn – a melhor amiga fútil de Hazel. A garota é exatamente uma adolescente que só pensa em garotos e que não sabe muito bem lidar com a doença da amiga. E claro o excêntrico, egoísta e, por incrível que pareça, apaixonante autor de Uma aflição imperial, Peter Von Houten. 

Apesar de toda a história girar em voltar do câncer, esse não é um livro sobre câncer. Em uma obra cheia de verdade e com quotes belas, A Culpa é das Estrelas trás, além de uma história de amor, uma proclamação a vida. É um livro verdadeiro, melancólico, triste, mas divertido e intenso na mesma proporção, sem erro. 

O livro é capaz de fazer o leitor refletir sobre algumas coisas. É o tipo de estória que fica cravada na sua mente e você fica pensando, pensando e pensando. O leitor se apega aos personagens e é impossível não sentir falta deles quando a leitura chegar ao fim. 

É uma leitura que vai doer desde o início, o leitor vai se sentir como se estivesse sendo bombardeado por sensações que nunca antes pensou em sentir durante uma leitura. Um livro único, cheio de elementos reais e verdadeiros. Não posso garantir que será a sua melhor leitura do ano, mas garanto que você vai rir, chorar e querer mais. 

Ok? 

Ok.

Título Original: The Fault is Our Stars
Autor: John Green
Ano: 2012
Editora: Intrínseca
Tradução: Renata Pentegill

Sobre a Autora:
Ana CarolineAna Caroline é estudante de Letras Português Francês na Universidade Federal de Sergipe. Adora ler, é apaixonada por séries da Literatura de Fantasia e espera desenvolver um trabalho de pesquisa sobre esse tema na faculdade. Trabalha em uma livraria, onde o contato diário com os livros levou a desejar criar esse blog. Escreve no Loucuras de Caroline.

17 comentários:

  1. Eu posso dizer que presenciei a Cah mordida de desespero para escrever essa resenha. Eu sabia que no instante que ela conseguisse escrever, iria colocar para fora uma chuva de sentimentos. Ufa! Eu adoro livros narrados me primeira pessoa, sinto-me mais próxima das personagens, encontro-as de forma íntima, acaba se tornando uma relação de amizade, troca de emoções e verdades, afinal, a personagem me vê chorando, rindo e refletindo em diversos momentos, isso é amizade, não é? Deve ser. Já ouvi falar sobre esse livro, e faz uma semana que estava na Livraria Leitura e perguntei sobre ele, mas não tinha, já imaginou a minha indignação? Acabei comprando outro que nem se iguala ao que sentir ao ler essa resenha. Há livros que nos encantam não porque tratam de assuntos delicados, mas porque usam a delicadeza para tratar das densas dores que nos rodeiam. E acredito, segundo essa resenha, que esse livro conseguiu esse feito com sucesso.

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  2. A exemplo da Fah, também sou louca por livros narrados em primeira pessoa. Sinto melhor os sentimentos.
    Esse é outro livro que quero muito ler.
    Beijos.

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  3. e você ainda diz que não consegue escrever a resenha o: HUAHUAH Essa foi uma das mais completas que eu vi até agora. Você ainda conseguiu comparar com a Alasca!
    Eu já comecei me surpreendendo, né? Porque esse quote do começo é justamente o que eu uso pra definir o livro. Eu marco ele nos ACEDE que eu to perdendo pra explicar

    E se você achou o Gus e a Alasca atraentes, acho que vai sentir isso mais ainda pela Margo de Paper Towns (porque ela ser "atraente" é um dos pontos principais do livro). *Dana. Função: falar para as pessoas lerem Paper Towns*

    e preciso confessar: desde que eu li esse livro eu tenho medo(?) de estar seduzindo as pessoas quando falo "okay".

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  4. Nossa, esse livro está como um dos meus desejados desde que foi lançado. A expectativa para ler este livro é enorme, depois da sua resenha, só veio a confirmar que vou me emocionar e chorar muito!

    Beijos

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  5. Uau, essa resenha me encheu de curiosidade e vontade. Acho que um livro deve ser exatamente do jeito que você descreveu que esse é, fazer com que as pessoas chorem, riam, sintam as mais diferentes emoções e deixar aquele gostinho de quero mais na boca.

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  6. Vontade de chorar por ver esse livro. Já vi umas resenhas tão depressivas dele, sabe, gente dizendo que chorou, que amou o livro, que foi uma experiencia para a vida toda e tal...Eu fiquei foi boba de ver como esse livro está "mexendo" com o pessoal que leu. Gostei, aprovei, mas não comprei =P
    Ainda...

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  7. UAU, resenha super verdadeira e cheia de sentimentos!
    Adorei os trechos!
    Doida pra conhecer o Augustos e quero ler Quem é vc Alasca tbm =)

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  8. UAU, já tinha lindo sobre o livro em outros blogsm as resenha mesmo é a primeira. Gosto muito quando um livro te dá uma moral de história bacana e que tu podes levar a diante.
    Quero ler ele logo e já.

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  9. Estou cada vez mais interessada por esse livro é realmente lindo!
    Nunca li nenhum dos livros desse autor, e conheci o A Culpa é Das Estrelas ontem rsrs
    Mas estou pesquisando sobre ele e já entrou pra minha wishlist. Esse livro parece ser realmente fantástico.
    Beijos! amei mesmo a sua resenha, de verdade!
    http://www.expressodenarnia.com/

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  10. Acho que este é o grande problema de livros como este, não saber como escrever a resenha. Eu também demoreeeei dias para conseguir escrever a minha e quando eu terminei, senti que não estava a altura, hahahhaa. É complicado!
    Maaas sua resenha ficou linda e super bem escrita.
    E eu concordo com você quanto ao fato de John Green ser muito bom para construir personagens. Li "Quem é você, Alasca?" e o ACEDE, e não consegui achar um personagem que eu não gostasse. Todos eles eram tão humanos, tão fáceis de serem amados... Eu simplesmente estou apaixonada pela forma que o autor escreve e assim que tiver oportunidade, lerei mais livros dele.

    enfiiim, beeeijos e parabéns pela resenha.

    Jéssica

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  11. Estou louca por este livro, não vejo a hora de ler. Estou participando do book tour dele, ainda bem que não vai demorar muito.
    Bjs, Rose.

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  12. Toda vez que leio uma resenha desse livro eu fico ainda mais curiosa pra lê-lo! Espero mesmo que quando eu ler, ele seja tudo aquilo que eu imagino!

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  13. Resenha muito boa, só aumentou minha vontade ler lê-lo

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  14. Eu estou loucamente apaixonada por esse livro. Ótima resenha!

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  15. Uns reclamaram da narrativa do autor, outros se emocionaram, já não sei o que achar, se leio ou não... Eu já li livros tipo esse, no qual a garota está quase morrendo, mas posso garantir que sempre haverá lágrimas nesses livros, porque foram feitos mesmo para emocionar. Amei a resenha, tornou-a única destacando tão terno é o livro.

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  16. Quero muito ler A culpa é das estrelas, não paro de ouvir falar bem sobre ele. Tem também Quem é você Alasca que quero muito ler.
    Haja tempo e dinheiro para tantos livros, né? hahaah :p

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  17. Este livro parece ser bem emocionante. Estou louca para ler a história. Valeu pela resenha.

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