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sábado, 26 de julho de 2014

[Resenha] Um bom professor faz toda a diferença, de Taylor Mali

Você já parou para pensar o que os professores fazem?! Como você se sentiria ao ouvir quase a todo instante e em todos os lugares que as pessoas são loucas ao escolher a profissão que você escolheu? Um bom professor faz toda a diferença, de Taylor Mali, nasceu justamente destas reflexões.

O que me levou a comprar este livro foi justamente o fato de já ter passado pela mesma situação de desdém vivida por Mali. A obra nasceu certo dia, depois de um churrasco em que o autor esteve. Lá, ele ouviu a seguinte afirmação de um advogado: "Os professores são tão explorados e desrespeitados que qualquer pessoa que escolha essa profissão hoje deve ter sua inteligência questionada e, portanto, não poderia nem mesmo ser autorizada a ensinar". É claro que Mali ficou mal com isso e a forma que encontrou para desabafar foi escrevendo um poema sobre o valor dos professores. Seus versos logo se tornaram um viral, espalhando-se na internet, tamanha a identificação do sentimento que ele despertara não apenas nos docentes, mas também em admiradores da profissão.

Taylor Mali declamando o poema What teachers make (O que os professores fazem)
escrito em resposta ao comentário feito durante o churrasco.

Partindo do que ouvira no churrasco e da surpresa pelo alcance de seu poema ao redor do globo, Mali escreveu Um bom professor faz toda a diferença em que compartilha suas experiências de sala de aula de forma poética e bem-humorada. Ao longo do livro, os capítulos explicam praticamente todos os versos de "What teachers make", com os exemplos das relações estabelecidas entre Mali e seus alunos. Sendo professora, é incrível ler um livro com tantas histórias permeadas pela dificuldade da profissão, sendo contadas de maneira tão inspiradoras. Taylor Mali vê a escola como um espaço de oportunidades, que deve ser vivo e intenso - repleto da felicidade que é o processo de descoberta do novo conhecimento.

Ao ler esta obra, os novos professores percebem que sim, eles fizeram a escolha certa e que sim, devem lutar pelos seus direitos para garantir condições de trabalho e de remuneração mais dignas. Já os docentes veteranos se lembram do quanto a fagulha do conhecimento é mágica e incrível e do quanto a experiência acumulada por eles é importante para quem está chegando à profissão (ela pode e deve ser compartilhada com os novatos!). Além disso, os exemplos dos projetos que ele desenvolveu com seus alunos nos desperta para ideias de ações que nós, professores, podemos desenvolver com os nossos.

Mas e se você for um leitor que não é professor? Certamente você mudará a visão negativa de uma carreira que é tão desvalorizada tanto aqui no Brasil, como nos EUA. Esta mudança de visão se deve ao próprio pensamento defendido pelo autor em toda a sua obra, que afirma que a função do professor é fazer "os alunos trabalharem mais duro do que eles imaginam ser possível" - uma vez que esta dureza vai além de fixar o conteúdo das disciplinas, mas no aprendizado dos valores de amizade, trabalho em equipe, justiça, cooperação, empatia, respeito, cordialidade e tantos outros. Afinal, são todos eles que dão sentido à vida.

Livro: Um bom professor faz toda a diferença 
Título original: What teachers make
Autor: Taylor Mali
Tradução: Leila Couceiro
Páginas: 128
Editora: Sextante
Sinopse: Todo mundo sabe que vida de professor não é fácil. Os baixos salários, as longas jornadas, a falta de treinamento e recursos, o sistema educacional ineficiente, tudo isso colabora para que cada vez menos pessoas optem por essa profissão tão importante para a nossa sociedade. Convocando todos os que compartilham dessa vocação a não desistirem da luta, Taylor Mali decidiu escrever Um bom professor faz toda a diferença. Relatando casos do tempo em que lecionava no ensino fundamental, ele oferece ótimos insights sobre a carreira, o processo de aprendizado, a postura dos pais e a realidade do ensino nos dias de hoje.
Clique aqui para ler o trecho disponibilizado pela editora. | Livro no skoob.


Sobre a Autora:
Fernanda RodriguesFernanda Rodrigues é bacharela em Letras (Português e Inglês) e licenciada no curso de Formação de Professores da USJT. Além de ser professora de Língua Inglesa, é louca por assuntos que envolvam a Literatura, as demais artes e o processo de ensino e aprendizagem. Escreve no Algumas Observações e no Teoria, Prática e Aprendizado.

sábado, 5 de maio de 2012

[Resenha] Gestão de ensino e práticas pedagógicas

Capa.
Gestão de ensino e práticas pedagógicas foi escrito por Adelar Hengemühle e é um relato valiosíssimo da articulação entre a teoria e a prática educacional seja na educação de base, seja no ensino superior. Partindo, principalmente, das experiências no Centro Educacional La Salle e no Centro Universitário La Salle – ambos de Canoas, Rio Grande do Sul – Hengemühle apresenta todos os desafios enfrentados durante sua carreira como professor, coordenador e diretor e os caminhos que ele e sua equipe encontraram para transpor cada barreira. 

A obra é dividida em duas partes, para facilitar o entendimento do leitor. Na primeira delas, intitulada “Projeto escolar: um referencial para a contemporaneidade”, temos desde as etapas da construção (coletiva) do Projeto Político-Pedagógico (PPP) escolar até o papel de cada um (alunos, professores, coordenação, direção, pais e comunidade) dentro da implementação e avaliação do que fora definido como linha de trabalho. 

Partindo da premissa de que o Projeto Pedagógico é o fio condutor do trabalho escolar, o autor parte da averiguação dos cenários locais e globais para a elaboração do projeto. Para ele, o Projeto da escola deve partir do perfil de educando que a escola quer formar. Como exemplo – e proposta – Hengemühle parte dos Quatro Pilares da Educação, proposto por Jacques Delors, no livro Educação: Um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre educação para o século XXI, para traçar o perfil do aluno ideal. Tendo as principais características dos educados, o autor passa, então, a discutir o perfil do corpo docente, falando das competências que estes profissionais devem ter e que a escola deve desenvolver neles durante um programa de formação continuada. Chegamos, então, à escola que queremos. Neste ponto, o escritor fala dos desafios de integrar a comunidade e os pais a vida escolar. 

Na segunda parte do livro, Adelar Hengemühle apresenta modelos e instrumentais para colocar o que foi apresentado anteriormente na prática. Destacam-se os planos de estudo e de trabalho, que ajudam a equipe a não perder o referencial do Projeto Político-Pedagógico da escola. 

O interessante é a estrutura seguida pelo autor do livro, que procura sempre apresentar situações-problemas e partir delas para contar a sua prática. Isso mostra o quanto é possível fazer da educação um processo de construção coletiva produtiva e prazerosa. Visto sobre este ponto de vista, posso afirmar que a leitura de Hengemühle é uma tarefa obrigatória – e um deleite! – a todos que querem entender e lutar por um processo educacional de qualidade.

Ficha Técnica: 
Obra: Gestão de ensino e práticas pedagógicas
Autor: Adelar Hengemühle
Editora: Vozes 
Número de páginas: 248
Ano da publicação: 2004
Sinopse: QUE educação precisamos diante dos cenários atuais, que seja eficaz sem afastar-se dos universos dos alunos? Essa preocupação histórica dos educadores é abordada com seriedade e competência na presente obra. Muito mais do que limitar-se ao QUE, esta obra oferece referenciais teóricos para fundamentar e orientar COMO a educação pode ser concretizada. Vários fatores são focados nesse projeto que orienta o que fazer da escola: os CENÁRIOS em que vivemos; as concepções de SER HUMANO que temos; o perfil de ALUNO que queremos; os FUNDAMENTOS EDUCACIONAIS que possam dar vida aos conteúdos, à metodologia e a à avaliação; o perfil de PROFESSOR capaz de desenvolver as práticas pedagógicas e a GESTÃO ESCOLAR que possibilite a concretização do planejado.

Sobre a Autora:
Fernanda Rodrigues Fernanda Rodrigues é bacharela em Letras (Português e Inglês) e estudante do curso de Formação de Professores na USJT. Além de ser professora de Língua Inglesa, é louca por assuntos que envolvam a Literatura, as demais artes e o processo de ensino e aprendizagem. Escreve no Algumas Observações, no Escritos Humanos, no Teoria, Prática e Aprendizado e no Barbie Nerd

sábado, 7 de abril de 2012

[Resenha] Alfabetizar e letrar: um diálogo entre a teoria e a prática

Alfabetizar e letrar: um diálogo entre a teoria e a prática segue a risca o conceito que carrega em seu nome. Desde o primeiro capítulo, a autora desenvolve uma conversa gostosa com os educadores que se propõem a ensinar as Letras a crianças, jovens e adultos. 

Dividindo sua obra em três partes, Marlene Carvalho consegue esclarecer as dúvidas e angústias dos professores. A princípio (na parte I), o livro trata dos métodos de alfabetização. Logo em seu primeiro capítulo, a autora nos induz a uma reflexão sobre a visão que temos da alfabetização, resgatando relatos de como escritores famosos (Ana Maria Machado e Graciliano Ramos) aprenderam a leitura e a escrita. Seguem ainda dois capítulos que se contrastam: um dedicado aos métodos sintéticos de alfabetização (soletração, silabação, fônicos) e outro aos métodos globais (de contos; ideovisual, de Decroly; natural, de Freinet; de base linguística ou psicolinguística; natural, de Heloisa Marinho; método Paulo Freire*). Finalizando esta parte, têm-se mais dois capítulos dedicados ao trabalho com texto na alfabetização (sejam eles orais ou escritos) e exemplos de lições de leituras. Falando do trabalho com textos, pode-se destacar o empenho de Carvalho em sanar dúvidas sobre como se preparar para ensinar a leitura e a escrita, como escolher um texto e saber qual deles é o melhor tipo de para determinada atividade. Já a cerca das lições de leitura, os dois exemplos citados nesse capítulo, ilustram bem como articular a teoria com a prática, comparando atividades proposta a partir dos métodos de alfabetização anteriormente apresentados. 

A segunda parte da obra dedica-se ao letramento e começa justamente desmistificando e desmembrando o que é “alfabetizar” e o que é “letrar”. A seguir encontramos reflexões – sempre pautadas em exemplos e/ou experiências – sobre como formar leitores que sejam críticos a ponto de saber interpretar o que por eles é lido. Temos também três capítulos dedicados à inserção de três gêneros de textos em sala de aula: histórias, poesia e carta. Com exemplos de atividades Marlene Carvalho mostra como os diversos textos podem ser (melhor) explorados pelas crianças, jovens e adultos, mesmo que eles não dominem completamente a leitura e a escrita. 

Já na terceira parte; tem-se, então, um diálogo da teoria com a prática, que traz falas de alunos, professores e outros pesquisadores do processo. Nesta parte encontram-se depoimentos (relatando o ponto de vista não apenas das professoras, mas também o que os alunos pensam sobre o ato de ler), textos feitos por educandos e criações literárias que nos fazem pensar não só sobre o papel da alfabetização e do letramento em nossa sociedade, mas também sobre como o professor responsável por este processo é visto pela sociedade e por si mesmo. 

O que chama a atenção nesta obra relaciona-se ao fato de tudo isto ser explicado de forma simples e direta. Tudo aquilo que é dito pelos grandes pensadores (Freinet, Freire, Vygotsky, Piaget, Ferreiro, Morin, Perrenoud e tantos outros citados) é articulado à prática da realidade vivida pela maioria das professoras de nosso país (que trabalham em dois ou mais turnos e/ou escolas para ter um salário que as sustentem, que não se sentem preparadas para alfabetizar, que recebem alunos com todos os problemas psicológicos e socioeconômicos possíveis, que não participam de um programa de formação continuada ou que ao participar de algum curso sobre a temática são obrigadas a “engolir goela abaixo” as teorias ali vistas, que sofrem preconceito pela escolha de sua profissão etc.). É notável como Marlene Carvalho faz a teoria ser vista na prática de uma forma natural, envolvente e como ela consegue desmistificar tudo o que os grandes pensadores pensam para mostrar que é possível fazer uma educação de qualidade, mesmo com tantas adversidades. 

Outro ponto de destaque está no empoderamento que a autora defende que o professor tenha. Para ela, o docente deve ter liberdade de escolher quais teorias seguir – e de mesclar o que pensa ser necessário –, deve também ter o direito de construir seu material, de trocar ideias com outros docentes, de buscar novos caminhos. Ao contrário do que muitas vezes acontecem, os educadores não devem apenas aceitar o que vem das universidades (muitas vezes como fruto de pesquisas), mas sim procurar novos caminhos, tentar entender as suas práticas – sistematizando e compartilhando o resultado destas reflexões – ser não só professor, mas assumir um papel de professor-reflexivo. 

Por fim, mas não menos importante, deve-se destacar que este livro abre caminho para o aprofundamento de novas pesquisas relacionadas ao assunto, uma vez que ao final da maior parte dos capítulos há referências bibliográficas nos instigando prosseguir por novas veredas. 

Ficha Técnica: 
Obra: Alfabetizar e letrar: um diálogo entre a teoria e a prática 
Autora: Marlene Carvalho 
Editora: Vozes 
Número de páginas: 142 
Ano da publicação: 2005 
________________________
*A respeito da parte relativa a Freire, deve-se lembrar que, embora Marlene de Carvalho se refira a um “Método Paulo Freire”, as ideias de tal autor não constituíam somente desta forma. Conforme o próprio Paulo Freire defende, sua teoria ultrapassa as barreiras de um método, ela é epistemológica e objetiva a formação de um sujeito que, além de ler as palavras, leia o mundo (ou seja, conheça seus direitos e deveres e contribua para a sociedade de uma forma justa, ética e consciente, libertando-se do papel de oprimido): 
"A realidade não pode ser modificada, senão quando o homem descobre que é modificável e que ele pode fazê-lo. É preciso, portanto, fazer desta conscientização o primeiro objetivo de toda educação: antes de tudo provocar uma atitude crítica, de reflexão, que comprometa a ação”.
(Paulo Freire)

Sobre a Autora:
Fernanda Rodrigues Fernanda Rodrigues é bacharela em Letras (Português e Inglês) e estudante do curso de Formação de Professores na USJT. Além de ser professora de Língua Inglesa, é louca por assuntos que envolvam a Literatura, as demais artes e o processo de ensino e aprendizagem. Escreve no Algumas Observações, no Escritos Humanos, no Teoria, Prática e Aprendizado e no Barbie Nerd
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