O silêncio do algoz, de François Bizot
O etnólogo francês François Bizot foi o único ocidental a sair com vida de uma das temidas prisões do Khmer Vermelho. Sua sentença de morte foi suspensa graças à relação que desenvolveu com o homem que foi seu carcereiro durante os três meses em que esteve detido, em 1971. Anos mais tarde, Bizot descobriria que seu libertador fora responsável pela tortura e morte de dezenas de milhares de cambojanos considerados inimigos da revolução de Pol Pot. Neste relato perturbador, preciso e de trágica intensidade, o autor busca pistas para decifrar como homens comuns podem se transformar em algozes cruéis.
Boca do inferno, de Otto Lara Resende
Ecoam ainda nos dias de hoje as consequências de histórias como as de Boca do inferno, publicado originalmente em 1957. Talvez naquele tempo o escritor e jornalista Otto Lara Resende não imaginasse o quão preciso poderia ser este compacto exemplar. O mais provável é que soubesse. Em um contexto em que a religião dita as regras, o autor traz à superfície os mais bem guardados baús dos porões da família mineira. Não por acaso, as sete narrativas aqui reunidas têm como protagonistas meninos e meninas que, no fim da infância, são lançados de um momento para outro no conhecimento tenebroso das coisas. É sempre aí – na gruta sob a laje, no porão cheirando a mofo, no quarto quieto no meio da noite, no moinho solitário e monótono – que se dá a improvável revelação. Com o peso do que foi longamente gestado, com a força de uma límpida poesia da dor. Boca do inferno permaneceu durante décadas fora do comércio, não por falta de pedidos, mas porque seu autor – exigente – vivia a reescrevê-lo, adiando continuamente as novas edições. De fato, só a exigência literária extremada poderia lograr uma escrita como esta. Escrita que flui, mas, súbito, se interrompe, deixando à mostra profundidades insondáveis da existência.
Beco dos mortos, de Ian Rankin
Um imigrante ilegal é encontrado morto em um cortiço de Edimburgo. Se a primeira suspeita é de um ataque racista, logo a situação se prova mais complicada. É o que o departamento de polícia precisa para arrastar o inspetor John Rebus para o caso. Não que a vida no trabalho ande fácil, com seus novos chefes em campanha por uma aposentadoria precoce do investigador. Mas o teimoso e obstinado Rebus seguirá novamente a trilha de um morto, numa viagem que o levará a centros de detenção, a comunidades de imigrantes políticos e ao coração do submundo de Edimburgo. Enquanto isso, sua amiga e pupila Siobhan precisará lidar sozinha com os próprios problemas. O desaparecimento de uma adolescente a deixará perigosamente próxima às armadilhas de um maníaco sexual, conforme ela também tenta resolver o assassinato de um jornalista curdo. E há a história dos dois esqueletos encontrados debaixo de um movimentado beco da cidade. No encontro desses casos aparentemente sem conexão, Rebus e Siobhan logo serão atraídos para uma teia de ganância, traições e violência.
O bicho alfabeto, – poemas de Paulo Leminski e ilustrações de Ziraldo
O bicho alfabeto tem vinte e três patas, ou quase. Por onde ele passa, nascem palavras e frases. Quando ele e o Paulo Leminski se encontram, das palavras nascem versos e poemas, que falam sobre o mar, o vento, a chuva, as estrelas, uma pedra, um cachorro, uma formiga… Coisas que todo mundo conhece, mas que se transformam em outras quando aparecem dentro dos versos do Leminski. Nesta reunião inédita de poemas para os pequenos, Ziraldo também colaborou com a transformação: o bicho alfabeto ganhou cores e formas que ninguém poderia imaginar. Foi assim que o mundo ficou totalmente de cabeça pra baixo, pronto pra quem quiser virar a página e se aventurar a ler a vida de um jeito diferente.
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