terça-feira, 26 de março de 2013

[Resenha] Teorema Katherine, de John Green

"É possível amar muito alguém, mas o tamanho do seu amor nunca vai ser páreo para o tamanho da saudade que você vai sentir por ela."  (Teorema Katherine, pg 141)

Teorema Katherine (An abundance of Katherines - 2006) é o segundo livro da carreira do autor norte-americano, John Green, e também o segundo lançado no Brasil pela editora Intrínseca, e conta a história de Collin Singleton, um ex-prodígio, anagramista de primeira classe de 17 anos. O cara que consegue decorar o nome de todos os presidentes dos Estados Unidos e expert em levar fora de todas as suas namoradas que, por incrível que pareça, chamam-se Katherines. 

... nem Kats, nem Kitties, nem Cathys, nem Rynns, nem Trinas, nem Kays, nem Kats, nem – Deus o livre – Catherines. K-A-T-H-E-R-I-N-E-S. Já teve dezenove. Todas chamadas Katherines. E todas elas – cada uma individualmente falando – terminaram com ele...  

Diante de mais um término de namoro (o 19º para ser exata), Collin e seu amigo Hassan resolvem cair na estrada sem rumo. É nessa viagem que o garoto ex-prodígio terá o seu momento “eureka” e irá trabalhar no Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines, porém, durante essa road trip, Collin irá descobrir bem mais do que um simples teorema. 

Uma das coisas que sempre me chamou atenção no John Green foi a sua narrativa, e em Teorema Katherine não é diferente, o livro é narrado em terceira pessoa, porém tudo gira em torno de Collin, que por sinal lembra muito Augustus Waters de A Culpa é das Estrelas. A narrativa deste livro é bem mais leve, mais divertida, mas não menos carregada do que as outras. John Green tem um talento em contar histórias que poderiam ser facilmente confundidas com a de qualquer pessoa ou até mesmo, a nossa. A construção das personagens é incrível, e mais uma vez, ponto para o autor que sabe como fazer a coisa. 

Collin é o tipo de cara que você pode facilmente amar e odiar ao mesmo tempo; algumas de suas atitudes são egoístas demais, porém esse egoísmo pode ser justificado por ele ser prodígio. O fato de ele ser suficientemente nerd o afasta de muita coisa, ele tenta ter uma rotina normal, uma vida normal, porém não consegue com tanta facilidade. É complicado ter amigos quando se tem uma explicação lógica para tudo, já que muitas vezes, isso não interessante. 

Seu melhor amigo Hassan é o mais próximo do cara muito legal da escola, e ele é muito awesome (até por que aturar o Collin, às vezes, você tem está em um nível muito elevado de awesoness). Ele é, basicamente, o alívio cômico da obra e é uma personagem completamente amável, desde as primeiras linhas até as últimas; e tem a Lindsey, que é uma fofa, e que vai ajudar bastante Collin na criação de seu teorema. Lindsey é apaixonante, e eu me identifiquei muito com ela, pois ela é a personagem mais próxima da realidade; é confusa, é apaixonada, brincalhona, é uma típica adolescente popular, mas legal que todo mundo faria questão de ser amigo. 

Teorema de Katherine é um livro muito gostoso de ler, diferente de ‘A Culpa é das Estrelas’ e de ‘Quem é você, Alasca?’. Porém muito parecido na essência da narrativa do autor. Claro que, não dá para fazer uma comparação entre as obras, já que, Katherine é o segundo livro da carreira de John Green, e ACEDE o último. Porém muitas características podem ser notadas, exemplo as personagens e a sua maturidade excessiva; os adolescentes de John Green são pessoas conscientes do mundo a sua volta. 

Quando eu disse que Collin lembrava muito Augustus Waters, falei sério! É bem notória a semelhança, não digo física, mas “intelectualmente” falando. Augustus e Collin têm uma necessidade que é “A” necessidade: deixar uma marca no mundo, porém uma marca expressiva, não qualquer uma. Eles não querem apenas passar pelo mundo, eles querem passar pelo mundo mostrando para quê vieram. Acredito que isso reflete o sentimento de muita gente, principalmente dos jovens. 

Quem não quer deixar sua marca no mundo? Seja você um (ex) prodígio ou um garoto com câncer, todos nós temos o desejo de passar por aqui e deixar algo feito para que as pessoas olhem e digam: “EI, eu sei quem fez isso!”, e é isso que amo no John Green! Mesmo com um livro tão diferente, ele nos leva a pensar em coisas que, de alguma forma, passam a fazer sentido. 

Em Teorema Katherine, John Green nos apresenta outra vertente sua não muito conhecida entre seus novos fãs – confesso que quando comecei a ler achei que iria encontrar outro ‘A Culpa é das Estrelas’ ou 'Quem é você, Alasca?' e já estava preparando os lenços – porém tão boa e melancólica quanto as outras. 

Eu serei esquecido, mas as histórias ficarão. Então, nós todos somos importantes – talvez menos do que muito, mas sempre mais do que nada. – Pg 283
 


4 comentários:

  1. Quando você está na graduação, o seu maior desejo é mudar o mundo com a ciência. Quando você entra no mestrado, você ainda pensa em mudar o mundo, mas pensa com menos frequência. Quando você entra no doutorado, só pensa em terminar sua tese e ir trabalhar. É sempre assim... MAS, estou na graduação e ainda estou vivendo meus anos de querer deixar minha marca no mundo.

    Quanto ao livro, eu fiquei curioso pelo fato de ser do John Green, pois o autor já estabeleceu um terreno sólido nos meus conceitos. Essa ideia de "saber o nome de todos os presidentes" ou alguma outra característica esquisita do tipo, já percebi que é notável nas obras do Green. Em Quem é você, Alasca? tem o Miles que é fissurado por últimas palavras, em A Culpa é das Estrelas, o Waters e sua mania de colocar o cigarro na boca mesmo não fumando. Enfim, já percebi que os personagens do John Green têm um nível de estranheza considerado alto para os padrões aceitáveis de hoje, hehe. Espero que a Intrínseca me envie esse livro para eu ler.

    Elder Ferreira, O Epitáfio

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    Respostas
    1. Oi Elder,

      Isso que você falou é tão verdade, acho que todo mundo tem essa coisa de deixar uma marca no mundo mesmo que involuntariamente.

      E quanto aos personagens do John, é exatamente assim que vejo! E é assim que acontece mesmo, cada um tem algo meio esquisito e isso que faz com que eles fiquem muito interessantes!

      Obrigado pelo comentário,

      Ana Caroline - Equipe Nosso Clube do Livro

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  2. Deixando esse comentário para dizer que adorei a resenha. Fico sempre frustrada com resenhas que são um amontoado de "achos" e "gostos". Bem completa e me deixou com vontade de ler o livro!

    Nunca li John Green e recentemente TUDO tem me deixado com vontade de conhecer. Apenas esperando meu salário cair, rs.

    Quando tiver um tempinho, dá uma passada lá no meu blog :D www.bolinhodoapocalipse.blogspot.com

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  3. Resenha perfeita, como sempre!
    Eu já queria ler, agora vou ler nesse feriado... =)
    E John Green se tornou um dos meus autores favoritos.
    Beijos,
    Nica

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