quinta-feira, 1 de novembro de 2012

[Resenha] Floresta dos Corvos, de Andrew Peters

Capa
Repleto de valores éticos, Floresta dos Corvos é um livro que nos transporta para uma grande aventura e nos faz refletir sobre os diversos graus de relacionamento. A princípio somos introduzidos em um novo mundo. O cenário é o seguinte: o planeta se sofisticou de uma tal maneira, que a tecnologia acabou com quase todas as árvores. A madeira, antes abundantes, agora é artigo de luxo e sobrevive apenas em um local, a pequena ilha que a briga a floresta de Arborium. Lá, os habitantes construíram seu reino sobre a copa das árvores, uma vez que o solo é considerado poluído demais – até para um rato de esgoto.

Ainda que os outros povos, como o reino de vidro e aço de Maw, tenham desenvolvido a mais alta tecnologia, a sabedoria da natureza criou uma barreira de gás que mata qualquer um que não seja da cidade – por isso, se você se perguntou porque Arborium não fora destruída e sua madeira roubada, esta é a resposta: o gás que a protege.

A narrativa, entretanto, começa, quando um pequeno garoto de 14 anos, Arktorious Malikum, está trabalhando desentupindo os canos da casa de um dos conselheiros do rei de Arborium, Grasp, e ouve uma conspiração entre tal conselheiro e Lady Fenestra, do reino de Maw, que derrubaria o monarca arboriano durante o festival da colheita, dali a sete dias. Em desespero pelo o que poderá acontece, Ark acaba sendo descoberto e, então, começa a sua saga na fuga contra os conspiradores e na tentativa de chegar até o rei e lhe dizer a verdade.

Nestas primeiras páginas somos levados a pensar nas relações entre um governo e o seu povo. A desigualdade social não existe apenas no Brasil, mas também no reino de Arborium, uma vez que a segregação é nítida desde a infância, já que as crianças ricas continuam seus estudos e as pobres para de estudar, para trabalhar. A profissão, no caso das famílias pobres, é passada de pai para filho, como acontece na família de Ark – que é muito pobre e tem uma profissão muito desvalorizada.

Andrew Peters
Créditos da imagem: Ravenwood
Durante a busca pelo rei, Ark acaba fazendo amigos – e aqui pensamos no valor da amizade! – e inimigos. No final da história, Mucum (outro encanador que também trabalha Estação Executiva de Esgotos, com Ark), Shiv (pequena irmã de Ark) e Flô (uma garota da tribo de mineradores) formavam um time e tanto! Juntos, eles provaram do poder da união de uma amizade sólida! Por outro lado, o grande inimigo de Ark, Petrônio – filho do conselheiro Grasp – nos faz pensar na relação pai e filho. O conselheiro é um daqueles pais frios; Petrônio, o típico filho que faz de tudo para chamar sua atenção. O final dos dois? Surpreendente!

Ao longo da narrativa, Ark dribla a morte inúmeras vezes, por isso, a figura dos corvos, que em Arborium são aves extremamente desenvolvidas: grandes, com bicos tão afiados lâminas e garras tão prontas para servirem de prisão e navalhas. Os corvos, que se atraem pelo sangue e se alimentam da carne morta são peça fundamental no desenvolvimento da narrativa e têm um território só para eles, além das montanhas, em que vivem sob a companhia e proteção de Corvena, a rainha dos corvos. Tanto os animais, quanto a soberana, são de vital importância na vida de Ark, mas ele só descobre tudo isso quando a natureza assim o permite.

Este livro traz vários elementos pessoais de seu autor: assim como Flô e os demais mineradores, Andrew Peters também tem mais de dois metros de altura e desde pequeno, gosta de escalar as árvores. O amor que o escritor devota à natureza – e, consequentemente, às árvores –, é nitidamente transposto no amor que Ark tem pelo seu país. Nota-se também que Peters gosta da cultura latina e, por isso, coloca na obra referências relacionadas a este repertório cultural: além do nome do país e da personagem principal terem desinências que remetem ao Latim; a deusa Diana, venerada pelo de Arborium, é a mesma cultuada na Roma antiga.

De modo geral, Floresta dos Corvos é uma delícia de ser lida e, como acontece com quase toda literatura infanto-juvenil, é recomendada não apenas para as crianças, mas para todos os adultos! A história cresce, conforme Ark amadurece, ganha consciência e forças. E nós, enquanto leitores, aprendemos e crescemos junto com ele! Não há como não se apaixonar!

Andrew Peters com a edição brasileira de
Floresta dos Corvos. Créditos da imagem: Ravenwood
Livro: Floresta dos Corvos
Título original: Ravenwood
Autor: Andrew Peters
Tradução: Raquel Zampil
Editora: Intrínseca
Páginas: 384
Sinopse: Ark é um aprendiz de encanador de quatorze anos que mora na copa de uma das últimas árvores que restam no mundo, no país de Arborium. O ofício o obriga a transitar por lugares que pessoas comuns não visitariam, e é enquanto está ocupado com o vaso sanitário de um político poderoso que o garoto entreouve a conversa de conspiradores que pretendem destruir a região. Flagrado pelos malfeitores, ele parte em uma corrida desesperada, do galho mais alto às mais sombrias raízes do arvoredo, até a temida Floresta dos Corvos, onde talvez esteja sua única chance de salvar seu lar, seu povo e, é claro, a própria vida. Lady Fenestra, uma perversa enviada de Maw - o império inimigo feito de vidro e metal -, planeja tomar as ricas árvores de Arborium e transformá-las em matéria-prima, usando os pacíficos dendrianos como nada mais que escravos de seu plano maligno. Agora, o futuro de Arborium e de seus moradores depende de Ark, e ele não só terá de enfrentar os traidores, mas também decifrar as lendas ancestrais de seu povo.
________________
Nota pessoal: Agora estou esperando ansiosamente que a Intrínseca publique a continuação aqui no Brasil (espero que a editora faça isso). O título original do próximo lívro é The glass florest e foi publicado na Inglaterra agora em agosto. Tenho certeza que será mais uma narrativa eletrizante! 

Sobre a Autora:
Fernanda RodriguesFernanda Rodrigues é bacharela em Letras (Português e Inglês) e estudante do curso de Formação de Professores na USJT. Além de ser professora de Língua Inglesa, é louca por assuntos que envolvam a Literatura, as demais artes e o processo de ensino e aprendizagem. Escreve no Algumas Observações, no Escritos Humanos, no Teoria, Prática e Aprendizado e no Barbie Nerd

13 comentários:

  1. Amei sua resenha e confesso que fiquei apixonada pela capa do livro.
    Tenho muita vontade de ler o livro e depois que li sua resenha e fiquei sabendo um pouco mais sobre a história, minha vontade aumentou mais e mais.
    Bjos..

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    1. Dany, a capa é linda e segue o padrão da versão original :)
      Quanto à história, vale a pena, principalmente pelo final! :D

      Beijos, e obrigada pela visita!

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  2. Ah! Eh muito legal ve uma pessoa como a Fe, que nao se rende tao facil a Literatura Fantastica e suas vertentes, fazendo uma resenha tao espetacular e tao apaixonada como essa.
    Eu ja estou/sou apaixonada por essa obra! A capa eh linda e a diagramaçao tbm!
    Resenha otima!

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    1. Cah, eu gosto de literatura bem feita. AMO literatura infantil e adoro Harry Potter - que tem mto de fantástico! - então, não entendo o motivo da sua surpresa!

      De fato, a edição brasileira é tão bem feita que o próprio autor elogiou dizendo: "Here is the Brazilian edition of Ravenwood - very nice production quality with fold out flaps and a slightly cream tinted paper. I love the smell of a fresh book! Hope they like it in Brazil!"

      Um beijo!
      Fê :*

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  3. Com esse negócio de vampiro e lobo eu já tô enjoada mais pela resenha dá pra ver que é diferente do que eu imaginava. AMO literatura infantil e a resenha tá ótema Fernanda! adorei! mais um livro na minha lista de desejáveis! :P

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    1. Nada de vampiros e lobos! Graças a Deus! :D

      Vc vai gostar, Lu! :)

      :*

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  4. O que me chamou atenção primeiro foi a capa do livro que achei linda, depois fui atrás de saber do que se tratava e amei tudo , quero ler logo, achei muito difrente dos que estou acostuma a ler.
    Gostei da sua forma de escrever a resenha e poder saber um pouco mais da história.

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  5. Parece bem interessante. A história é bem diferente, a capa é linda e adorei a mistureba.

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  6. nossa, para um livro um pouco tenso não achava que seria indicado para crianças, gostei da premissa do livro, e espero ler em breve. parabéns pela resenha

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  7. A capa do livro é linda, estou apaixonada amei a resenha. Quero ler Floresta dos Corvos em breve.

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  8. A estória pareceu bem interessante, no melhor estilo distopia, com um enredo que provavelmente daria um bom filme.

    http://editoraselivros.blogspot.com.br/

    Obs.: Desculpe se estou sendo intrometida, mas se retirar a verificação de palavras dos comentários do seu blog, ele vai lotar de comentários como você nunca leu antes!!! Às vezes dá erro e muitas pessoas deixam de comentar por isto.

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  9. Um Infanto-juvenil bem escrito e que respeita a inteligência de seu público alvo certamente é leitura indicada para qualquer pessoa, já comecei a me apixonar pelo livro pelo título e sua resenha só fez esse desejo de ler se acentuar mais.

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  10. Primeiramente fiquei louca pelo livro por causa da capa, quase comprei um dia mas não levei pois não tinha lido nenhuma resenha sobre ele ainda e não sabia se era bom.
    Agora que li essa e mais algumas estou confiante de que deve ser uma história muito legal e que vale a pena *-*

    Beijos!
    http://rollerbladesblog.blogspot.com.br/

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